Blog

Home » Geral » Por que aquecemos misturas no processo de refino de metais?
01 de dezembro, 2022
Por que aquecemos misturas no processo de refino de metais?

Vários dos processos experimentais da química necessitam de aquecimento para serem realizados de maneira completa e adequada. Sendo assim, nas áreas de metalurgia e galvanoplastia não é diferente, já que os procedimentos seguidos para se realizar o refino de metais, por exemplo, envolvem reações químicas complexas que, para ocorrer de maneira satisfatória, precisam de atenção em parâmetros como a temperatura.
Mas talvez você já tenha se perguntado: “qual a necessidade do aquecimento?”, ou ainda, “posso realizar o refino e suas etapas sem o controle da temperatura?”. E a resposta para essas questões depende do tipo de processo que se deseja realizar e de alguns parâmetros físicos e químicos que explicaremos a seguir.

 

Como as reações químicas acontecem?

Todos os materiais e produtos que são utilizados no refino de metais são feitos de átomos – partículas muito pequenas e invisíveis a olho nu -, que mudam suas posições e interações com outros átomos, formando diferentes compostos. Esse processo possibilita que transformemos, por exemplo, uma mistura de soda cáustica e ácido clorídrico em sal de cozinha e água (Figura 1). E é esse mesmo processo que ocorre no refino de metais: para dissolver o ouro impuro, por exemplo, adiciona-se áqua régia (composta pelos ácidos nítrico e clorídrico), formando um composto solúvel de ouro, dióxido de nitrogênio e água (Figura 2).

Figura 1. Equação química de neutralização entre hidróxido de sódio e ácido clorídrico.

Figura 2. Dissolução de ouro em áqua régia.

Porém, para que isso aconteça, é necessário que a mistura tenha à sua disposição a energia necessária para que os átomos possam se rearranjar e formar outros compostos, e essa energia em questão é denominada energia de ativação (Ea). Logo, quando os átomos estão em posições ideais e têm a energia de ativação necessária, choques efetivos ocorrem e a reação química finalmente acontece.
Para entender um pouco mais sobre esse tópico, façamos uma analogia: imagine um atleta olímpico que pratica a modalidade de salto em vara. Para que ele consiga ultrapassar a barra, localizada a uma altura relativamente alta, ele necessita de força suficiente, energia, e também precisa que a vara que lhe dará o impulso seja colocada no chão no momento ideal. Se isso acontecer, o atleta poderá ter um bom desempenho e ultrapassar a barra sem que colida com ela; contudo, se a posição da vara estiver inadequada ou o atleta não tiver utilizado força e impulso suficientes, o salto não será efetivo.

 

Figura 3. Salto em vara.

No caso das reações químicas, portanto, a energia de ativação seria como a força e o impulso do atleta antes do salto, enquanto a posição da vara seria a posição ideal dos átomos e o salto correto, então, o choque efetivo e a ocorrência da reação.

 

Mas, afinal, por que aquecer as reações durante o refino é mais indicado?

As reações químicas envolvidas no refino de metais podem, em teoria, ser feitas sem a necessidade de aquecimento, uma vez que possuem a energia de ativação necessária para que o processo aconteça. Contudo, outro parâmetro que mencionamos anteriormente para que uma reação aconteça é o choque efetivo. O fornecimento de energia faz com que os átomos tenham maior velocidade, aumentando, consequentemente, a probabilidade de que os choques entre os átomos sejam ideais para a formação do produto. Assim, a reação acontece com maior rapidez e é finalizada em menor tempo.

 

Figura 4. Influência da temperatura na velocidade das partículas. Fonte: tec-science.com

Portanto, realizar alguns dos processos de refino mediante aquecimento – como a dissolução do ouro em áqua régia feita à 60 ºC – torna o processo menos demorado, podendo diminuir o tempo gasto de dias para horas.

 

Siga-nos no Instagram (@8_metais) e curta nossa página no Facebook (8metais) para mais conteúdos como esse!

 

 

Por Sabrina Santana Klabacher

Comentários